Ontem à noite caiu uma chuva fresca e mansa aqui em Belo Horizonte. Hoje (domingo), o dia amanhece com ar tristonho. Não vejo tristeza nesse cenário. Vejo a chuva trazendo alegrias
Será que vai chover novamente? Arrisco sair de casa a pé, sozinha, enquanto a família ainda dorme.
Enquanto caminho, vou sentindo o ventinho fresco no rosto. Sinto o cheiro adocicado das murtas que já estão todas em flor.
Alegre, constato que o seu cheiro não me causa mais embrulho no estômago, como no passado.
Naquela ocasião havíamos nos mudado de cidade. Ainda me recuperava de um trauma hospitalar por conta de uma gravidez nas trompas que quase me levou à morte por hemorragias internas. Foi muito sofrido. Era primavera e as murtas estavam em flor por toda a cidade.
Foi naquele tempo que comecei a sentir alguns desconfortos da alma, uma insegurança, um medo que vinha de repente. Um medo de morte!
Não procurei ajuda psicológica, não tomei remédios. Não fui porque sabia que, se fosse, voltaria com receita de tranquilizantes. Não queria tomar remédios. E nunca tomei. São acontecimentos da vida e não acredito que a solução para tudo seja remédios. Depois que deixava as filhas na escola, ia me distrair com as costuras. Fiz curso de Ikebana, de pintura em madeira, em cerâmica. Fui me ocupar. E assim segui a minha vida. E sigo até hoje, descobrindo novas alegrias.
De repente não sinto mais enjoos com o cheiro adocicado das murtas. De repente sou feliz
Olha as primeiras mangas da estação!

O mamoeiro carregado de frutos. Como é belo!
Goiabeira em flor, se preparando para parir
Você gosta de amora? Nossa, vou contar pro seu pai que você namora!!! Hoje estou tão feliz...
As espirradeiras ainda em floras enfeitam o muro de uma casa
Dois pés de bougainvilles de cores diferentes convivem em harmonia
Semana passada ainda restavam alguns ipês, com um céu azul de anil, vejam
Sibipirunas também em flor...
È primaveeeeera... Ti amuuuuu, meu amoooor