OBS: Antes de iniciar, faço logo uma observação: Não é que eu não goste de animais. Não é que sou malvada. Não é que sou egoísta. É que trabalho das 8 às 18. Meu tempo livre comigo é pouco - preciso de mim! Quando estou dando aulas não acho certo deixar a cachorrinha entre as alunas, latindo, lambendo pernas - elas pagam pela aula individual, querem atenção. A cachorrinha não quer ficar sozinha. Sofro com isso. Por isso o desabafo que fiz sábado. Então vamos ao texto. Mas, por favor, não me julguem, tenho direito de ser o que sou!
Hoje o dia amanheceu nublado, escuro, anunciando chuvas. O dia estava do jeito que eu gosto. Eu estava do jeito que gosto: livre, sozinha em casa. E eu, que sempre gostei de ser livre, hoje estou presa em casa, assumindo o papel (não por escolha) de "pet sitter". Minha caçula foi prestar o Enem, meu marido foi dar plantão no trabalho. Oba, vou passar o dia livre, ficar de camisola, de calcinha e sutiã, ficar pelada, ver tv, comer bobagem, dar uma volta no shopping aqui pertinho, mas...
Não queríamos ter animais em casa porque, eu e meu marido, sempre primamos pela nossa liberdade. Gostamos de ir, onde e quando, nos der na telha, fecharmos a porta e voltarmos só quando Deus sabe. Sempre fomos muito aventureiros - desde quando namorávamos. Com o nascimento das filhas não deixamos de viajar, arrumava tudo num vapt-vupt - levava até penico porque a filha maior era (ainda é) muito "vomitona"" quando anda de carro. Hoje a cachorrinha da minha filha caçula herdou esse hábito. Ô sofrimento!
Daí toca o telefone - era uma amiga querida que não vejo há tempos querendo conversar. E lá vem a cachorrinha atrás abanando o rabinho pensando que a conversa era para ela. Viro de um lado e ela pula no meu colo, viro de outro ela arranha minhas pernas. Tranco a porta do quarto e ela late, arranha a porta. Apresso-me em despedir da amiga querida. Ô inferno. Não tenho sossego, saio esbravejando.
Daí vou descarregar umas fotos no computador, organizar, arquivar... lá vem ela. Deita debaixo da mesa e dorme. Até aí nada mau. Quero sossego.
Termino o trabalho e saio de ponta de pé para não acordar a cria. Vou para a área de serviço organizar umas bagunças. Lá vem ela. Deita dentro da sua "casinha" e fica ali, meio com um olho aberto me vigiando.
Ando para lá, ando para cá, puxo a casinha para lá, para cá até ela se irritar e começar a latir. Prendo-a. Não quero mais companhia. E olha o que ela faz por birra:
Todas as portas estão nesse estado:
Então resolvo molhar as plantas - já que não vai chover coisa nenhuma. O dia mudou como mudou meu humor. Lá vem ela se lambuzar na água dos vasos. Ô criatura!
Se toca o interfone, lá vai ela
Descuido um segundo e lá vai ela pegar minhas costuras. Ah, não! Tudo tem que ser escondido, recolhido, guardado...
Epa, troca de turno:
Tô livre? posso sair? Só que sair com o marido como gostaria, nem pensar. Onde vamos deixar a bichinha?
Ai, eu não entendo certas escolhas. Abafa. E se você fizer um comentário dizendo para eu relaxar, que logo, logo vou me apaixonar, desista. Só tenho animal por causa da filha. Sofria vê-la correr atrás dos cachorros vira-latas, implorando por um animalzinho.
Amar os filhos é sofrer num paraíso. Que paraíso?
O dia está mesmo abafado. Talvez chova.