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13 de setembro de 2021

Viajando (uns dias por aí - parte 2)

Embora boa parte da região sudeste já esteja quente nesse final de inverno, lugarejos na serra da Mantiqueira ainda desfrutam de noites frias, muito frias.

Passamos nossa  última noite em Monte Verde, aquecidos pelo calor da lareira, ouvindo o som dos bichos da noite,  o estalar do fogo e sonhando com a nossa futura casinha lá no campo.  

Acender fogo para nós sempre foi uma luta. Não adianta colocar o sachê embebido em álcool, pois acaba o sachê, o fogo mixa. Quase uma caixa de fósforo se vai. Daí lembrei que galhos secos de araucária são ótimos para fazer fogo - nos fundos do chalezinho havia um monte que a ventania  colocou ao chão no começo da noite. Marido se orgulha (eu sei, eu sei) por ter casado com a mulher mais inteligente do planeta!
No dia seguinte, seguindo os protocolos da pandemia, o café da manhã veio agrupado tudo numa bandeja para ser servido no quarto. Organizei um cantinho na varanda e foi lá que passamos horas de puro prazer, saboreando aquele farto café da manhã. Para alguns, uma tremenda futilidade, mas para nós, valorizamos demais esses  pequenos prazeres. 

Depois do café, seguimos viagem pela estradinha de curvas e pegamos um atalho em direção a São Bento do Sapucaí (SP). Durante o percurso passamos por várias cidadezinhas mineiras (outras paulistas). Tudo parecia muito bucólico, simples e acolhedor. 

Em São Bento, fomos conhecer o processo de extração do azeite extra-virgem, da marca Olic, no restaurante de mesmo nome. A estradinha, embora de terra, muito bem sinalizada, passando por entre fazendas, pastos, currais e cercados por muitas araucárias. Toda essa beleza já havia valido a pena, caso o lugar não fosse lá essas coisas. 

Estacionamos o carro dentro de uma pequena plantação de olivas e nos dirigimos ao restaurante. Já de longe me arrependi não ter usado meu melhor traje que trouxe na mala. Um povo chique, chique, um lugar lindo, lindo.
E eu toda descabelada, de legging e tênis cheio de poeira, entramos meio acanhados pedindo uma mesa. Um funcionário nos conduz à mesa, outro apresenta os pratos, outro serve... Depois fui percebendo que aquele público, a maioria, hóspedes dos belos hotéis de Campos do Jordão, Ô paulistada metida -  sou paulista e todo mundo sabe - , mas há tempos deixei a minha metideza pra trás (acho). 

Para não me parecer jacú, não fiz fotos dentro do restaurante (uma pena), muitos espaços com vista  para o verde de todos os lados. Uma coisa de louco. Vamos ao cardápio!

Os pratos são artesanalmente preparados no local; hortaliças orgânicas, da horta, massas feitas no local, todos regados com os azeites da casa; sobremesas lindamente apresentadas, louças maravilhosas em cerâmica (imagino  ser da região). Olho pro marido indagando com os olhos se aquele cardápio era só pra ver, pedir uma água e a conta. Ele me repreende e fala baixinho: "ah, por favor, deixa disso, andamos tanto, vamos sim almoçar! Eu vou pedir". 

Tá bom, pedi o prato mais barato que, para meu bolso já achei um exagero de caro. Veja bem, não estou criticando, a comida faz jus ao preço, tudo ali valia muito a pena. Era meu bolso, entende? Durante toda a viagem eu lembrava ao marido  que precisávamos nos conter com os gastos, pois teríamos os gastos com a casa nova e ele sempre retrucava "está tudo sob controle, estamos em férias, poxa"

Depois do almoço fomos ver as plantações de lavandas e olivas, já que naquele dia não havia visita guiada para conhecer o processo de extração do azeite. Repito, azeite da mais alta qualidade. 

Lavandas perfumadas por toda a parte.
Oliveiras 
Deixei de fotografar para poder desfrutar da beleza e calmaria do lugar. O melhor ângulo ficou mesmo foi dentro da alma. E isso é tudo!


9 de setembro de 2021

Uns dias por aí - parte 1

Para quem ama o clima de montanha, como nós, o sul de minas tem bonitinhas cidades ao redor da Serra da Mantiqueira. É para lá que quase sempre vamos.

Dessa vez não foi diferente. Marido ainda tinha um finalzinho de férias e sugeriu que passássemos uns dias por aí. Abasteci o freezer com algumas refeições para a filha caçula (mãe sempre com essa bendita preocupação com comida),  levamos a cachorrinha para a casa da cuidadora que, aliás, a trata como filha. Ela adora e já começa bater o rabinho logo que toco o interfone. 

Amanheceu 1o. de setembro, o contrato  da casa já assinado (contei no último post, malas no carro... Partimos!

Já se passava do meio-dia quando pegamos a BR 381, margeada com os ipês amarelos, abundantes em sua florada. 

Parecia tudo correr muito bem, sem trânsito, quando de repente ouço a voz da mulherzinha do Waze anunciar "retenção à frente". Putz, muitos quilômetros de congestionamento devido à queimadas. Nosso tempo era curto porque não queríamos viajar de noite. Sugiro ao marido passar a noite num hotelzinho à beira de estrada, baratinho. Ele logo retruca que baratinho e bom não existe. Mas encontramos um hotel, (não tão baratinho) muito bonzinho em Cambuí, a apenas 20 quilômetros de Camanducaia e a 30 de Monte Verde. Pertinho? Sim, daria para chegarmos no início da noite em Monte Verde, mas a estradinha de 30 quilômetros que liga Camanducaia à vila é tão bonita, cheirosa (e perigosa), melhor trafegar por ela durante o dia. 

Desci na frente para conversar com a recepcionista do hotel, expliquei que queríamos uma acomodação mais simples só para passar uma noite. Ela se desculpa exageradamente (detesto exageros) por ter apenas disponível um quarto no andar superior, com uma lance de escada. "A senhora está tranquila quanto a subir escadas, tem problema? é um pouco puxado para a senhora"

Puta que pariu, minha filha, não estou morrendo não, não tenho nenhuma comorbidade, "tenho corpo de atleta" (quantos risos dentro de mim), faço trilhas e boto qualquer jovenzinha sedentária no chinelo! 

Claro que não respondi dessa forma, entendo que é necessário explicar ao hóspede, mas pedir tanta desculpas já me deixou com a pulga atrás da orelha! Pareço assim tão caidaça? Respondo com meu habitual sorrizinho irônico de canto de boca "não, meu bem, eu ainda subo escadas muito bem!"

Para minha surpresa (e raiva) ela responde "ah, que graCINHA!"

Enquanto marido escolhia uma melhor vaga para estacionar, eu, de raiva ( e para mostrar força), catei toda a bagagem (minha e dele) do porta-malas e subi. Ufa! mas é bem puxadinho esse lance de escadas, não? Perco o tesão, mas não perco a pose!

Esclareço: Não é que não aceito meus 62 anos, não é que não aceito o tempo, mas estou bem, disposta, sou ágil e não venha me tratar no diminutivo, não nos infantilize, por favor! Nos tornamos velhos, mais não crianças. Buuuuuu

Mais tarde saímos para comer. Encontramos uma ótima pizzaria bem pertinho do hotel e nos fartamos de pizza e um canecão de chop.

Ao passarmos pela recepcionista, dei boa-noite, seguido por "amanhã temos que madrugar para subir a pedra do baú". Marido arregala os olhos e pensei que fosse me desmentir. No quarto ele cai na gargalhada "quero ver você subir a pedra do baú amanhã"

Mas subimos (de carro) até bem perto da pedra do baú. Se ficou curiosa, pesquise aí o que é subir na pedra do baú (nem jovem e nem velho - é para os corajosos, eu hein?).

E assim passamos uma semana perambulando por Monte Verde, São Bento de Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal e Gonçalves. 

Em Monte Verde fomos conhecer a famosa Fazenda Esperança, onde se produz o melhor doce de leite mineiro. Foram quase 30 quilômetros de terra (é que erramos e fizemos o trajeto mais longo, mas é mais perto) O GPS a toda hora nos mandava retornar, retornar. Estávamos perdidos no meio do pó, das araucárias e pastos. Ah, como somos doidos!

Chegamos!





Água gelada, ninguém animou pular. Almoçamos comida de fogão à lenha e retornamos para o hotel quando as estrelas começavam a pipocar no céu escuro. 

No próximo post conto o próximo destino porque a viagem continua...




6 de setembro de 2021

Já estou vestida

Em minha última postagem eu estava bem desanimada com o andar dos projetos com relação à casinha no campo que, a princípio, seria uma casinha modesta, apenas para passarmos final de semana, na zona rural, mas bem próxima  de Belo Horizonte. 

No dia 12 de outubro de 2019 estava certo que havíamos encontrado a nossa tão sonhada casinha, embora algumas melhorias e mudanças eram necessárias. E consulta engenheiro, e procura pedreiro, e conta dinheiro e reconta para fazermos a proposta. Não foi possível, uma pessoa fez uma proposta primeiro. Perdemos o negócio. Fiquei tão, tão triste... 

Veio a pandemia, todo mundo resolveu se refugiar no campo. 

Tudo o que vimos fora vendido.  O que era possível, tornou-se quase impossível. Não havia mais nem casa e nem casinha à venda. Então resolvemos comprar um lote nesse mesmo lugar e daí começou a encrenca. Consulta meio mundo, faz-se orçamentos, chama engenheiro, arquiteto, especialistas daqui e acolá. Faz-se o projeto, refaz, acerta aqui, conserta ali. Em constante contato com a arquiteta, muitas dúvidas. Já na reta final para aprovação do projeto e assinatura, a arquiteta deixa de responder nossas mensagens, não atende celular, uma boa parte já havia sido paga... Bateu a dúvida: será que caímos no conto do vigário? Qual o quê? antes fosse. Ficamos sabendo que teve uma morte súbita, do nada, deixando tudo para trás, filho recém-nascido, marido, pai, mãe, projetos inacabados, sonhos interrompidos. Uma vida abreviada. Acabou-se. 

Mas continuamos, todo final de semana, inro lá onde seria a casinha. Fizemos vários pic-nics, churrasco, acampamentos, deitávamos no chão, sonhávamos olhando pras nuvens....

Depois que escrevi aquele post, as coisas começaram a caminhar por um lado bem positivo. 

Saímos uns dias em férias, pelo sul de minas, fomos no Santuário de Nossa Senhora pedir benções, pedir proteção, que ela abençoasse nossos caminhos, que se fosse para sermos felizes nessa mudança de vida, que tudo começasse a caminhar, que Ela nos mostrasse o melhor caminho...

Uma semana fora, chego em casa e recebo uma ligação do jardineiro que trabalha no condomínio, que até já se tornou meu amiguinho de tanto que conversamos a respeito de jardinagem. Ele sabia do quanto havíamos gostado daquela primeira casa que conhecemos no dia de Nossa Senhora Aparecida. Ele me liga a fala que a pessoa que comprou a casa, depois de ter feito algumas reformas e melhorias, decidiu aproveitar a alta dos preços e vender a casa, comprar um lote e fazer uma casa do jeito que sempre sonhou. 

Abreviando as idas e vindas, sexta-feira, dia 30 de agosto assinamos o contrato. 

E agora no compasso de espera. Espera de documentação, de mudança...

Traje completo feito em casa: casaco, calça e cacharrel. Vestida para uma vida no campo