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5 de dezembro de 2014

O Natal torna os maus um pouco melhores

E chegou dezembro com suas chuvas, com os panetones nas prateleiras dos supermercados, anunciando que já é quase Natal! Luzes enfeitando cidades, praças, fachadas das lojas... Em todo lugar há um pouco do Natal...

E eu adorava essa época iluminada, onde todos os maus se tornavam um pouco melhores, mais tolerantes (ou mais tolerados)...

Quando criança, logo que chegava dezembro eu ficava implorando para a mãe montar a árvore e o presépio. Ela dizia: "ainda não está na hora". Minha mãe montava o Presépio e só colocava o Menino Jesus na Manjedoura no dia 24. Ficávamos todos em volta, querendo mexer nos bezerrinos, nos carneirinhos - levávamos muitos pitos. E eu ficava sonhando que um dia eu também teria uma casa, uma árvore de Natal, um Presépio, um marido bom, filhos lindos, corados, educados que pedem sempre: "mamãe posso fazer isso, posso fazer aquilo?" Eu queria ser muito feliz, ter três filhas (só tive duas), vestidas com roupas de veludo vermelho, fitas no cabelo, uma mesa decorada com pequenos pinheiros e muitas comidas gostosas. Laçaronetes enfeitando enormes caixas de presentes.... Eu queria ser muito feliz. E sou, mas nunca achamos que somos muito felizes. Sempre achamos que éramos felizes num passado longínquo e quase nunca reconhecemos o quanto somos felizes no presente. 

Ai, como eu gosto de ter essas lembranças boas. Como eu gosto do Natal, onde todos os maus se tornam melhores e mais tolerantes (ou mais tolerados). 

Quando criança, morando em São Paulo, quando chegava dezembro e meu pai recebia parte do 13o. salário, íamos eu e as irmãs fazer compras (de roupas) na "cidade". Quando nos referíamos ao centro da cidade, falávamos "cidade", como se morássemos na roça. Hoje nem sei se ainda falam assim: ir à cidade ao invés de ir ao centro da cidade. Bem, acho que hoje ninguém mais vai ao centro fazer compras de roupas - vão aos shoppings centers. Gostava de ir ao centro, andar pelas ruas ensolaradas, ver os flamboyants em flor, sentir o cheiro adocicado da estação, entrar e sair das lojas ao som das músicas natalinas. As Lojas Americanas da rua Direita (centro de São Paulo) tocava essas músicas durante todo o mês de dezembro. Gostava de ficar na loja provando as colônias, os perfumes, fazendo hora para ouvir as músicas. Nenhum estabelecimento tinha ar-condicionado, tinham enormes ventiladores que, quando passávamos perto esvoaçavam nossos cabelos, uma delícia aquele vento fresco secando o suor da nuca. Eu tenho comigo todas essas lembranças que volta e meia assolam meus pensamentos, me levando de volta para casa dos pais, numa época em que eu era apenas filha, sem responsabilidades, leve. Hoje sou mãe e às vezes eu gostaria de ser apenas filha, voltar a ser criança, ter a consciência do quanto éramos felizes em nossa infância pobre de coisas,   que hoje temos aos montes e nem somos tão felizes assim por possuí-las. Depois das compras tomávamos sorvete ou lanche no Mappin (o slogan do Mappin era: "Mappin, onde há sempre o melhor, aberto todas as noites até as 22 horas!") Dez horas da noite? na minha inocência adolescência, ainda meio infantil, eu pensava: "mas quem é o louco de ficar nas ruas até as 10 da noite?" Hoje vejo crianças ficarem acordadas até de madrugada.

No dia 24 íamos à Missa do Galo, na Igreja São Judas Tadeu, que ficava a poucos quarteirões da nossa casa, no bairro  Planalto Paulista. Íamos contando as casas que tinham luzes no jardim, aquelas bolonas coloridas que acendiam verde, azul, amarela. De repente todas as cores acessas num só momento e depois iam alternando, ora a verde, ora a amarela...Em nossa casa não havia esses pisca-pisca. Antigamente o pobre era POBRE mesmo. Hoje, qualquer pobrezinho tem a casa enfeitada, embora com tudo da China, tudo descartável, dura só um Natal. Mas quem é que vai querer repetir a decoração Natalina do ano passado? Joga fora, compra outra. A minha decoração natalina é desde o meu primeiro ano de casamento. E eu adoro montar o Presépio, mas não sou tão paciente quanto a mãe, coloco logo o Menino Jesus deitadinho, mesmo porque eu  sempre viajo no Natal para ficar junto às famílias, minha e do meu marido.

E eu,  que amo o Natal e a casa enfeitada, com árvore, presépio e Menino Jesus, não terei a casa enfeitada nesse Natal. Ando triste. A cachorrinha da minha filha destrói tudo - não quero ver meu Menino Jesus com as pernas comidas, a palha da manjedoura espalhada pela casa...

Ah, não venham me dizer que é preciso educá-la. Nem filho a gente consegue educar direito! Uns dizem: "dobre uma revista e dá umas batidinhas nela para aprender". Outros dizem: "esfregue o focinho dela naquilo que estragou". E outros dizem, fale em tom bravo - eles entendem". A  bichinha não entende é nada. Dei-lhe umas chineladas (nela e na filha junto) e ninguém aprendeu nada. Destruiu os armários da cozinha, comeu o tapete da sala, o celular da filha... ai, não vou ficar aqui descrevendo as travessuras da cachorrinha, ando tão cansativa nesse assunto! Vim aqui falar do Natal. Vim aqui falar que hoje estou mais tolerante. Vim aqui falar que o Natal me torna melhor, pois nem fiquei ¨&¨*((&%%¨da vida com a aluna que faltou. Pulei da cama cedinho, adiei compromissos, queria ir na feira de flores porque, afinal, hoje é sexta-feira, dia de enfeitar a casa. Desprezei tudo, me aprontei, fiquei lá sentadinha no ateliê esperando dar 8:30. Deu 9:00. Achei estranho, liguei o computador e havia uma mensagem enviada à noite anterior, pedindo desculpas, pois havia se esquecido do nosso compromisso e não viria. 

Um dia ainda quero passar a noite de Natal na minha casa, com minhas filhas, meu marido e até a cachorrinha que já se considera da família. E por que não? O Natal torna os maus um pouco melhores, mais tolerantes (ou mais tolerados). Afinal, é Natal!



7 comentários:

  1. Oi Helena me desculpe mais ri muito com este seu post. Mas entendo você eu não tenho cachorro mas tenho uma menininha tão sapeca quanto seu bichinho. E ela também quebra tudo que vê minha arvore de natal tenho que arrumar toda hora porque ela mexe e sempre quebra algum enfeite. Sabe eu sou daquelas que gostam de ter a casa arrumadinha e não vejo nenhum mal nisso mas com criança em casa já sabe né . Por muitas vezes me vejo assim como você descreveu neste post. Algumas pessoas dizem vai passar ela crescer bom então é esperar. Ah Helena esta acontecendo um sorteio de aniversário no blog dá uma passadinha lá ainda dá tempo de participar o sorteio é amanhã. Bjs.

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  2. Que lindo texto, Helena! Escreves muito bem, com muito sentimento, muita alma e acima de tudo, com muita verdade.
    Adorei saber de ti, saber dos teus natais!
    Um grande, grande abraço da Nina

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  3. Linda mensagem Helena ,deu um pinguinho no canto do olho ...
    Que seja este natal que passe em sua casa ,mas esperamos que tantos outros virão que pode ser não só este mas os outros tbém.
    bjosss
    ótima noite de natal seja onde for
    Mônica

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  4. Uma mensagem profunda que me tocou o coração, fiquei muito impressionada com o belo texto cheio de vida e alma. É tão especial conhecermos um pouco a fundo..pessoas que nunca nos cruzamos, como eu e tu.

    Bom fim de semana querida! ♥

    xoxo, Sofia Pinto

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  5. Oi, minha querida amiga!
    olha, quando li seu texto devo dizer que fiquei com um nó na garganta, pois o natal me deixa um pouquinho deprê, sabe, com muitas lembranças da infância difícil e de muitos apertos financeiros. Tempos românticos de uma inocência que não existe mais e não volta mais, que a gente ficava feliz com uma calcinha ou um prendedor de cabelo que ganhava de presente. E dormia com o presente do lado do travesseiro!! Hoje os presentes são os lançamentos de smartphones, tablets e video games...
    Sabe o que acho? Que vc deveria escrever um livro ( ou vários ). Seu texto é carregado de poesia e encanto. Ficaria lendo seus contos por horas. Sua linda!
    Quanto à cadelinha, sem querer me meter, será que não é a raça errada? Parece-me uma beagle. Essa raça é sapeca e só quer brincar o tempo todo, tudo é diversão. Ela carece de espaço aberto, não é a ideal pra apartamento. Pode ser isso.
    Beijos e bom fim de semana!

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  6. Oi Helena, você me fez voltar em um tempo onde a felicidade era muito simples, hoje estou casada, e tenho duas filhas também de 17 e 15 anos.Sou de uma família muito simples os natais eram com meu pai , minha mãe, e meu irmão mais novo, não tínhamos o costume de reunir com outros familiares, me lembro que nossos vizinhos que eram "melhores de vida" , se reuniam e ceiavam, eu achava o máximo, a gente tinha o almoço.Hoje nos meus 40 anos enchergo o tamanho da bênção que Deus me deu, mamãe toda caprichosa preparando o peru e a maionese, porque maionese era comida de festa, papai comprava uva porque era natal, essas frutas ,castanhas , panetones chocotones nem sonhávamos, o presente em geral era um brinquedo simples (mas que fazia a nossa alegria).Hoje a vida é bem mais confortável, posso usufruir de todas as "besteiras" natalinas, mas como eu gostaria de poder sentar em uma mesa com o simples peru e a maionese da mamãe e poder ver meu pai todo orgulho com sua caixa de uvas, ou seu presente comprado com amor.
    Comemoro o natal com minha família, mas o senhor das uvas não vem mais, esta em um lugar melhor, percebi que com o passar dos anos os natais se tornam mais divididos uma mistura de conquistas mas perdas também.
    Desculpas pelo desabafo, mas acho que todos temos muitas saudades de outros natais.
    Beijos, felicidades, e que papai noel te presentei com uma caixa de paciência, para não enlouquecer com essa cachorrinha.

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  7. Oi Judith, fui lá em sua página, mas não soube como deixar uma resposta ao seu comentário! Uvas, era isso mesmo: aquelas caixas de uvas roxinhas que na ocasião do Natal ficam mais abundantes. Essas uvas também me faz lembrar dos Natais antigos. Acho que se eu chegasse com essa caixa de uvas aqui em casa eles iam torcer o nariz, pois só comem aquelas sem caroço. Na minha casa também não tínhamos o hábito de comemorar com os parentes. Íamos dormir cedo e do meu quarto eu ficava ouvindo as gargalhadas dos vizinhos. Vergonhosamente confesso, me dava inveja!
    Beijos

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