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23 de fevereiro de 2017

Enxoval para a cama

A roupa da casa é um reflexo da personalidade do dono.

Sou prática, gosto de tudo bem arrumado e limpo, mas sem stress. Por isso eu uso capa para os meus edredons. Não gosto de usar aquele lençol (virol). Ou acordo só com ele ou com só com o edredom. 

Eu uso e gosto (e ensino aqui no curso).  A dica é ajustar ao tamanho do seu edredom para que não fique "sambando" lá dentro.   
Fronhas num vapt-vupt. Tenho muitas. Ensino às alunas. Eu gosto de casa, tenho muito prazer em costurar coisas para a minha casa. Sempre tive. Tenho o maior amor e zelo pela minha casinha, pois aqui moram as pessoas que mais amo. E para elas eu quero o melhor, o mais conforto.
A parte de baixo, onde fica em contato com o corpo, uso percal mais macio, 200 fios, 100% algodão. Para a parte de cima pode ser um percal menos macio. Na junção dos tecidos preguei uma renda de algodão. Faço um tipo de virol, onde a parte de abaixo vira para cima, dando esse efeito bonito, de barrado. Fico horas bolando uma maneira mais fácil e prática de fazer algo para ensinar às alunas. 
Sujou a capa, retira e lava. O edredom permanece limpo, sem necessidade de lavar tantas vezes. E ele nem precisa ser bonito. Vai ficar tudo escondido mesmo!
 Uso zíper na parte de baixo.
   

  Não canso de admirar
E não canso de gostar da pessoa que sou! 
Saia para cama box. Como fazer? Prenda com velcro! Fiz um post AQUI ensinando

15 de fevereiro de 2017

Aulas intensivas e uma receita de bolo

Sábado veio a Sandra fazer um intensivo de costuras aqui no ateliê. Conteúdo de um mês de aula em um único dia. Saiu lá de Itabira - cidade natal de Carlos Drummond de Andrade. A manhã estava fria e, provavelmente ainda havia estrelas no céu quando saiu de casa.

Levantei um pouco mais cedo. Fui lá na cozinha preparar um bolo para a hora do café.  A receita está no final do post. Preocupo-me com quem vem de longe, com quem faz aulas dobradas. Sempre ofereço um café, um bolo, um pão. Não custa nada um carinho. 

Ela é uma pessoa super esforçada e já esteve aqui outras vezes, pois diz que vale o sacrifício viajar para fazer aulas comigo. Tudo o que aprendeu aqui fez com excelência e já tem sua clientela, que cresce a cada dia, a cada esforço dela - somente dela!
Caprichosa, detalhista. Fotografa as peças que costurou. Fica encantada com as cores, com as flores...
Monto a mesa com flores para inspira-la a fazer o mesmo para suas clientes, para sua família...
Conforme ela ia costurando ia arrumando as peças. Ela para de costurar, fotografa, faz um comentário, diz que a renda era para um vestido. Resolveu fazer capas de sousplast. Ficou bonito!
Passamos o dia costurando. Só paramos para o café da manhã e para o almoço. À tarde ela não quis bolo, nem café... Queria costurar. A Sandra adora costurar. Foi embora cansada, mas feliz.

Fui para o banho cantarolando tra-la-la naquele sábado que o sol não quis aparecer.

Aqui deixo a receita do bolo para não esquecer:
A receita original pede-se uma laranja com a casca, mas eu prefiro descascar - fica mais suave. A casca tende a deixar um gosto meio amargo. Ah, de amarga basta a vida. A minha não, graças a Deus, pois procuro tornar a minha vida doce e fofa, como esse bolo!

Ingredientes -  Uso como medida um copo americano (até a marca da borda) ou uma xícara de chá.
3 ovos
Uma medida de óleo
Duas medidas de açúcar
1 laranja descascada e sem caroço em pedaços
2 medidas de farinha de trigo peneiradas
1 colher (sopa) de pó royal

Aqueça o forno médio. Separe a farinha de trigo peneirada junto com o pó royal numa vasilha. À parte bata os outros ingredientes no liquidificador e despeje na farinha, misture tudo muito bem (não precisa usar batedeira).  Cloque na forma e leve ao forno (uns 25 minutos - depende do forno).



8 de fevereiro de 2017

Costurando a vida

Estamos vivendo num mundo onde expressar qualquer sentimento, falar qualquer palavra é considerado ofensa, onde apenas o politicamente correto é aceito. Sinto um quê de hipocrisia. 

Hoje deixo apenas imagens que traduzem momentos felizes... Sem desabafos, sem textos longos, embora aqui é o meu espaço, onde mostro meu trabalho, expresso meus sentimentos. Aqui é a minha casa.

Detalhes da mesa que arrumei para tomar café com pessoas queridas
 Crescendo a produção de novos projetos

Manhãs que acordo inspirada, querendo colorir o mundo

Surpreendendo pessoas com pequenos agrados, tornando o seu dia mais feliz.
Mais produtivas


Mais encantadas
 Mais gratas

 



 Mimando pessoas com pequenos gestos
 Iluminando uma noite que tinha tudo para ser sem graça e triste
 Encantada com gestos de amor
 Retribuindo o amor

 Ensinando sempre...
 Inspirando pessoas ao por a mesa, mesmo que seja com pratos de vidro, no microondas
 Enaltecendo o gesto da filha que fez um jantarzinho
 Deixando a mesa de refeições mais convidativa para a Páscoa
Caixa feita pela aluna que veio aqui aprender

Vamos costurar a vida juntas?

1 de fevereiro de 2017

Quando ser gentil demais incomoda (e fere)

Aqui é o espaço onde falo, na maioria das vezes, das costuras, do meu trabalho, das minhas alunas e da minha vida também.

Em dezembro fiz 58 anos. Não fiz bolo e nem fritei salgadinhos. Não enrolei brigadeiros e nem docinhos. 

Passamos um dia muito, muito agradável só nós 4. Fomos almoçar num lugar ao ar livre bem gostoso. Eu estava em companhia daqueles que eu mais amo. Para mim isso basta. 
Eu, a filha mais velha e o marido ao fundo - a caçula só aceita fotos quando se sente linda. Eu aceito fotos quando me sinto feliz. E naquele dia eu estava muito feliz!

Daqui a dois anos terei 60 anos - serei considerada uma idosa. Vou ter licença para passar na frente, não pagar condução, ter preferência nos assentos...

Terei passagem livre. Serei uma rainha!!! Viva eu, com meu direito adquirido na velhice! 

Velha, eu? A ideia que tenho de uma pessoa idosa é de uma pessoa curvadinha, andando devagar, com a voz fraquinha ou mesmo com uma bengala, como ilustra aquelas figuras que se vê no assentos dos ônibus e metrô, reservado para idoso. 

Pois é. É difícil encarar essa realidade e já sinto que isso não vai me agradar em nada. Nada mesmo. Tive uma amostra disso há dois anos atrás quando fui ao centro de ônibus. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa ágil, disposta e ir ao centro de ônibus não me incomoda. Vou numa boa, de salto alto até.

Naquele dia coloquei salto, pois se você vai deixando o salto, quando precisar usar um dia vai se sentir desconfortável. Assim estava me sentindo muito bem de salto, bonita e viva dentro do meu vestido florido que eu mesma fiz. 

Tomei o ônibus, com todos os assentos ocupados. E, mesmo que os bancos preferenciais estivessem vagos eu não sento para não ter que me levantar quando alguém, naquelas condições, fosse ocupar. Eles ainda não são para mim, mesmo porque vou muito bem de pé nos transportes aqui da minha região que têm os trajetos curtos.

Uma pessoa - não um homem, que sua gentileza seria sim muito bem aceita - ofereceu-me o lugar preferencial que ela estava ocupando. Esses aqui:
Não preciso dizer que não fazia parte desse grupo. Não tinha mais de 60 anos, nem muito menos gestante, nem deficiente e não portava crianças no colo!

A pessoa que quis ceder o lugar era uma moça, digamos, com uns 30 anos ou mais. Olhei para a placa, olhei para trás, olhei para mim. Sim, era para mim que ela estava oferecendo o lugar de idoso, de gestante, de deficiente, de mulher com criança no colo...

Ela estava me achando uma velha? Fiquei matutando. Estava me achando incapacitada de ficar de pé por aproximadamente uns 15 a 20 minutos? Oras, oras, faça me o favor, quanta gentileza, não sou merecedora. Muito obrigada.

Mas não perdi o rebolado e não ia me portar como uma senhorinha educada ou uma folgada, ocupando o  lugar de quem realmente necessitava, respondi com um sorrisinho meio de lado, meio irônico: "Não meu bem, esse assento é para idoso com mais de 60 anos e eu ainda não tenho 60 anos e estou muito bem de pé. Ainda não sou uma idosa. "

Talvez esse "ainda" tenha soado mais alto (e irritante) porque todo mundo se virou para mim. Certamente para conferir se eu ou a moça estava equivocada. 

Depois fiquei com pena da moça que quis ser apenas gentil - gentil demais!

O maior silêncio no ônibus. Ficamos as duas, mudas, de pé, segurando aquele cano que tem no teto. Ô ódio. Fiquei o tempo todo matutando como as pessoas me viam realmente. Será que estava muito envelhecida para os meus 56 anos? Estava curvadinha, magrinha, com voz fraquinha? Sim, eu só consigo ver pessoas nessas condições ocupando aqueles assentos. 

Daí entrou um rapaz e pimpa, sentou no banco da discórdia. Olhei para ela com um sorrisinho de vingança, querendo dizer "bem-feito, ficou sem seu lugarzinho, sua gentil"

Na volta tomei um táxi.

E eu lá preciso passar por esses aborrecimentos?

Eu nunca mais havia colocado o vestido  florido. Hoje, depois de dois anos, voltei a usar. E, mais madura, mais ponderada, se tal fato vier a ocorrer novamente, se alguém vier a ceder o lugar de idoso para mim, embora ainda tenha 58 anos, vou aceitar numa boa, me esparrar no banco, botar meu fone de ouvidos e ver o mundo pela janelinha do ônibus. E por que não?
A velhice vai morar dentro de você o dia que realmente se sentir velho, sem uso.

Faço aqui uma observação como resposta a um comentário que recebi por e-mail:
- O fato de me sentir ofendida é olhar para essas figuras que ilustram a placa é não me encaixar dentro de nenhuma delas, principalmente dessa figura de idoso, curvado, com bengala. E mais, aqui é um espaço meu, onde falo o que sinto. Não ofendi ninguém, muito menos a moça que quis ser gentil, mas que me incomodou. Fui sincera, fiz um desabafo. Naquele momento a minha pessoa física não se encontrava naquela condição de bengala e com as mãos no quadril. E não vou retirar essa postagem do ar coisa nenhuma. Aqui é meu espaço, onde falo o que sinto, com licença?