...nos mercados anunciando seus produtos ao som dos jingle bells...Aqui o clima era encantado, com cheiro de frutas frescas, cravo, canela, mel. Cheiro de Natal!
E flores frescas
E a banca do japonês que entende pouco português! São Paulo tem cheiro de casa...
... tem cheiro de Natal!
Desde criança, vivendo em São Paulo, esperava, ansiosa, chegar dezembro. Éramos muito pobres. Sim, nos anos 70 quem era pobre era POBRE mesmo - diferente de hoje que o pobre tem ajuda do governo, isenção em contas de consumo, merenda escolar, bolsa-família; trabalhadores têm vale-transporte e alimentação. Naquela época não tinha nada disso. Meu pai e meus irmãos mais velhos trabalhavam arduamente para sustentar a numerosa família. E éramos todos muito unidos. Éramos felizes em nossa simplicidade.
Havia espírito de Natal na minha casa... Meu pai sempre pintava a casa quando entrava dezembro...
Eu pintei vasos!
.. Meu pai colhia galhos secos no mato.- eu comprei galhos na 25 de Março!
Minha mãe enrolava algodão nos galhos e pendurava aquelas bolinhas coloridas, frágeis, levinhas, que bastava pegar com mais força para que estourasse entre os dedos, fazendo doloridos cortes. Elas vinham embaladas numa caixinha de papelão, com divisórias. Essa caixa era guardada durante o ano inteiro. Só em meados de dezembro a minha mãe abria esse tesouro. Eu arregalava os olhos e o coração batia mais forte:
- Chegou o Natal!
"Dezembro vem o Natal... os presentes mais bonitos, as lembranças mais humanas..." A propaganda do Mappin, anunciando que ficaria aberto até a meia-noite. No início dos anos 70 começaram as vinhetas da Rede Globo: Hoje, é um novo dia de um novo tempo que começou nesses novos dias, mais alegrias serão de todos..."
Então era Natal!
O presépio era montado, o enfeite da porta, a conversa entre as irmãs mais velhas e a mãe sobre o almoço de Natal. Não era comum comemorarmos à noite, como hoje. Lembro-me que apenas uma vizinha reunia a família para jantar. Eu ficava acordada até tarde ouvido as risadas, o estourar do champagne (Sidra, naturalmente). Durante todo o dia eu sentia o cheiro adocicado vindo da casa da vizinha, um misto de vinho tinto, com canela, com cravo... Cheiro de Natal. Eu amava o Natal.
Eu guardei essas lembranças
Guardei esses cheiros e esse brilho
Eu guardei o Natal dentro de mim...
...para entregar à minha família
Helena, lindo os aprendizados e ensinamentos da sua história de vida.
ResponderExcluirparabens deus abençoe esta santa familia!!!!!
ResponderExcluirabraços
Helena, tambem amo natal. A minha infancia foi dificil, a mãe sempre montava o presépio e árvore assim como a sua. Mas só eu herdei isso lá em casa. As outras irmãs não ligam para natal acham que é só comércio. Eu fico muito chateada quando visito minha família. Acho tudo frio. Continue inspirando pessoas a resgatar esse espírito. E os seus irmãos? Também mantem a tradiçao?
ResponderExcluirQue família linda!
ResponderExcluirHelena querida eu acho que tu festejas e fazes natl ao longo de todo o ano.
Feliz 2017.
Beijinhos