A mulher de volta para casa

E o ano "letivo" começou. Nova expectativa: "como serão as novas alunas? serão simpáticas como a grande maioria? vai aparecer uma encrenqueira?" Ai, tenho medo das encrenqueiras. Perdoam-me o desabafo, pois muito, muito raramente surge uma. Eu sei, faz parte. Abro minha casa para pessoas que só tive contato pelas redes sociais. É um risco. Eu sei. Procuro explicar tudo, nos mínimos detalhes, como funciona o curso, as regras. Claro, eu dito as regras, aceita quem quer. Vem quem paga, vem quem está a fim. O curso, diferente das academias onde você pode fazer uma aula experimental de graça, não funciona assim. Tenho uma procura grande, não posso empatar um horário para dar uma aula explicativa sobre o curso, mostrar as peças, os tecidos e depois "se eu gostar faço a matrícula". Não é assim que funciona. Não tem degustação. Perdoam-me.

Ah, mas vieram todas NÃO encrenqueiras. Eu adorei as novas meninas, gente feliz. Gente animada, que me manda fotos pelo WhatsApp, encantada. Recebi essa foto da Débora e Juliana. A Débora mora aqui pertinho, a Juliana em Divinópolis e se conheceram na loja de tecidos, felizes com a coincidência de serem minhas alunas.

E veio gente compenetrada demais, que nem percebeu que eu tirava foto

E veio ex aluna, que virou amiga tomar café à tardinha...

 Comigo e com minhas filhas

Comigo aprendeu a costurar coisas fofas para a sua casinha. Eu adoro isso!

 
Para ela eu fiz bolo, pão, enfeitei a mesa...Coisas que faço com muito prazer e alegria.

Toda a roupa desta mesa você aprende no curso.

 

Servi suco na jarra de cristal dos anos 40. O quê? Na jarra que a sogra deu? Mas não deixei ninguém por a mão. Só eu servi o suco, com medo de quebrar. O misturador são presentes da "Minha Casa" que já são comercializados.

Vai bem um arranjo no centro da mesa. Esse eu fiz no caixotinho de feira, usando flores, frutos e folhas. Mesclei as falsas com as verdadeiras e amarrei um laço. Faça com alegria, mesmo que não dispoe de uma louça cara. Faça um bolo, um pão... coisas simples que custam pouco, mas que cativam. Pessoas queridas devem ser preservadas. 

Presentes também da "Minha Casa" foram ofertados. As caixinhas eu aprendi a fazer com a Bertha - outra ex-aluna que virou amiga. Nossa, quanta coisa boa eu conquisto dando aulas de costuras?

São potinhos que uso como açucareiro. Mas você pode por pet fur, docinhos, chocolatinhos para servir na mesa. Eles vêm ricamente embalados nessa caixa, forrada com tecidos que eu mesma faço. Também já estão sendo comercializados.

Mudanças no curso:

Diferente das outras turmas, onde a aluna costurava apenas uma peça de cada item da mesa, dessa vez elas farão aqui o enxoval da mesa completa: 6 guardanapos, 6 capas de sousplasts, 6 jogos americanos, cestinha... Quem tem tempo e habilidade para continuar em casa sozinha, costura o que iniciamos aqui. Algumas preferem costurar tudo aqui. O tempo é delas, o horário é delas. As aulas são individuais. Os preços não são iguais dos cursos em turma, no centro, onde uma única professora explica para várias ao mesmo tempo. Algumas lojas dão até de graça alguns cursinhos básicos, com a condição de você comprar o material lá. Meu curso é diferente, recebo cada uma como amiga. Quando dá tomamos um café, pois a mesa sempre fica arrumada para que elas possam se inspirar. 

E a procura continua grande, principalmente pela propaganda boca a boca. Sei que não agradei a todas, não pude atender da maneira como gostariam, repor aulas quando não tenho mais espaço na agenda, como alegou uma aluna que até a Cultura Inglesa repõe aula. Quem sabe o dia que eu montar uma escola nos padrões da Cultura Inglesa? Quem sabe? E por que não? 

Mas enquanto isso não acontecer, venham passar algumas horas felizes do seu dia aqui comigo, costurando, falando de casa, de filhos e marido, trocando receita de pão e bolo. Venham resgatar aquela mulher feminina que a vida moderna tenta deixar para trás, esquecida. Vamos voltar para casa, pelo menos por algumas horas?